agosto 02, 2012

Abismo celeste

   Estou incólume neste abismo, nada se esfacelou ou estropiou e a luz de um serafim está diafamando-se em meus olhos. Estou oscilando para onde não posso chegar. Desconheço meu abrigo, sequer sei como o alcancei. Lembro de resignar a certeza de estar em casa;
   Esvaeci.
   Saí ruando, suscitando vida, justapondo o tangível... Saí célere e caí. Onde estou? É um abismo, mas qual? A quem pertence? É pitoresco, mas me assusta.
   Não quero voltar.
   O assombro tênue e merencório me traz forças e mantimentos para ficar. Quero este abismo incógnito e inefável.
   Não quero voltar.
   Perdoe-me se eu fechar os olhos e partir. Fique bem. É um abismo confortável que não me feriu. É o abismo celeste que me resgatou da vida tumultuada. Perdoe quando eu fechar os olhos.
   Quero ficar, então, adeus. Ao Deus, em Deus.

Flávia Andrade

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