agosto 10, 2012

Monodia deixada

  Fui amando assim, meio aos poucos e debalde subitamente me afastando. Tentando evitar mais uma de minhas decepções, mas em meio desses meus desatinos, fui amando, não notei a saudade, não queria os amores ínfimos, mas continuei me apaixonando. Tanto tempo foi que eu não queria ser amada, nem sequer me sentir assim. Não queria apelar declarações, nem o olhar baixo pro chão na volta pra casa, e os pensamentos voltados pro céu indo com o amor melancólico que sempre se torna.   Uma parte de mim ficava silenciosa voltando pro sofá da sala em meio a outros móveis supérfluos, enquanto outra parte ia com aquele perturbável amor de inverno. Se você soubesse que iria, se planejava que eu ficaria e se queria que nossos pés se desencontrassem, antes de se tornar inevitável, mesmo que sem planos, se não fosse um covarde, não iria dizer que me amava e nem me iludir em vão.
   Quando foi embora, com toda a frieza, que meu coração contigo não levasse. Quando foi embora, que antes de uma vez me matasse. Não me deixasse aqui morrendo assim, aos poucos. Se não fosse um egoísta.
   Amar e morrer agora são sinônimos. Antes de ir embora que não errasse na escolha de me deixar. Antes de fazer desse amor simplesmente algo acabado, que não me dissesse para te amar.
   Eu estou tentando abdicar. Desistir por vontade própria agora que você me forçou a sofrer.

Flávia Andrade


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