agosto 14, 2014

Mais uma tentativa. Respiro fundo, penso nas garrafas vazias, na casa vazia, no copo vazio, na mente cheia. Parece que tenho só mais uma chance, gosto de lidar sob pressão: agora ou nunca, mas sei que tenho o resto da vida para fazer o que tenho que fazer. Bato o pé por birra ou charme, porque tem que ser agora: um texto que não seja para você, um indício de superação, um "deixar para trás". Mas olha, já está indo em sua direção, já virou uma indireta que faz curva, passa por chuva e chega despedaçada ao seu endereço.
Mais uma vez, escrever é simples, amar é complicado, escrever amando é um inferno. Mas amo também o inferno, a loucura de sentir e transformar em palavras desencorajadas. Gosto de pensar naquela rua, são tantas ruas, tantas histórias, mas uma delas só tem você. Assim como meus textos e as músicas que ouço, e as músicas que você ouve, e as músicas que tocam naquela rua, e os filmes que assistimos, as novelas que odiamos, tudo é você.

Mais uma chance. Andei o quanto quis, não cheguei onde planejei, mas tentei. Tentativas são certezas de falhas, caso contrário não seriam plural. Quase atropelada por um carro, com fome, sem lágrimas, desnorteada, vilipendiada, com uma palavra nova no vocabulário, palavrões velhos em grande uso, lembranças misturadas com expectativas futuras quebradas, mas tentei. Andei para outro caminho, quase uma estrada, só não tinha destino, era sem fim. Mas eu pensei: vou voltar, sei bem lidar com isso, sei ter fim, vou escrever mais um texto e não vai ser pra ninguém.
Só tentei.

Flávia Andrade

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