abril 12, 2015

Um Pouco e Ainda Morta


    Acidentalmente dei vida àquelas palavras tuas, àquelas que se sobrepuseram na discussão. Dentro de mim toda a vida delas sufocaram a minha própria. Por fora pareciam personificadas dando como motivo da minha morte um sútil enforcamento. Eu sobrevivi, um pouco e ainda morta. Mas enquanto ando acompanhada de silêncio externo, internamente travo guerras. Suas palavras estão presentes, olha que ironia, logo as palavras que você usou para desaparecer. Com passos neuróticos tento fugir do tumulto que ocorre na minha mente, mas resta só tua voz se transformando em um monstro maior do que posso enfrentar, um monstro que eu enfrentaria se você estivesse comigo. Mas olha que ironia, esses monstros me encontraram porque você desencontrou nossos caminhos. Elas começaram a adquirir rostos desconfigurados que me seguem e, aos poucos, entre toda a dor e saudade, aproxima-se também a loucura. Por favor, avise ao mundo todo - que você teve coragem de visitar sozinho, que uma moça deixada por você não tem mais sobriedade para a vida repentina na qual ficou.

Flávia Andrade

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