maio 03, 2015

Dia sem fim


    Corpo quase inexistente e angustia maior que o mundo, angustia que é medo de não ser o suficiente, de não ir além da mera contradição habitual. Corpo que não sente mais nada porque o sentimento já está transposto ao ambiente inteiro e se tornou zona de melancolia. No rosto: olhos pedem perdão e a boca impede consoantes e vogais de apelo. No resto do corpo: mãos repousadas em bolsos no contraste dos pés inquietos que movem a carcaça em círculos. Não passa de uma sobrevivente invisível numa construção de enjoos, é só um nome desconhecido numa plataforma honrosa de mesmices, não deixa nunca de ser o pequeno peso que segura a porta aberta.

Flávia Urder

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