maio 31, 2015

é sobre você


    eu não ia escrever hoje. ia deitar e dormir o dia todo, mas estou no terceiro texto. reli o segundo mil vezes e vejo como é mais do que meu, é meu e seu. comecei a escrever porque você apareceu, você mexeu em alguma coisa que estava quieta aqui dentro e agora desassossegou. comecei a escrever porque se não digo aqui, não digo nunca até que eu exploda e vire pedacinhos na sua janela, na manchete e no prato de comida da minha família. eu não ia escrever hoje porque já escrevi muito sobre  uma pessoa só, mas você veio. eu bateria na sua porta, esperaria você abrir, colocaria as mãos na minha cintura e diria: você tinha que vir, não é?. mas eu não sei ser assim, eu só me tranco aqui e escrevo. e já não sei mais se vivo enquanto escrevo, se escrevo enquanto vivo, se são a mesma coisa ou se sou como clarice lispector que quando não escrevia estava morta. não sei que diabo me trouxe pra isso de escrita, mas sei que você é o diabo que me faz sentar aqui no cantinho e escrever. os textos ficam aí, eu deixo eles aí olhando pra mim, tentando me dizer alguma coisa que eu mesma não sei dizer. eles ficam me encarando. se eu me levanto e dou uma volta no cômodo eles acompanham com os olhos de letra o. e eu não me liberto deles, são meus, ficam marcados. e eu não te perdoo por me fazer escrever, eu só queria dormir, mas você tinha que aparecer, não é?

flávia andrade

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