junho 03, 2015

O Perfumado


    Antes de começar, me desculpe por estar perfumado e sair por aí transbordando amor por quem quer que me encante. Me desculpe por aparecer na sua televisão por alguns segundos e causar medo de que o resto do mundo fique como eu já sou. Aliás, me desculpe por fazer parte desse mundo. Mas antes, acredito que eu possa me explicar. Perfumados saem de casa tentando encontrar felicidade em si. Não são como lança-perfume, não impregnam em criancinhas, não destroem famílias e, sinto muito, não hipnotizam ou possuem qualquer poder ou magia. Mas temos um perfume que invade das narinas à alma, que perfuma físico e emocionalmente. Perfumados abraçam, beijam, amam, sentem, têm voz e, às vezes, aparecem em propagandas. Perfumados não impõem suas fragrâncias, simplesmente as são. E você, se gostar, pode até se aproximar e pedir um pouquinho ou talvez descobrir dentro de si um cheiro especial próprio de quem ama sem buscar a certidão de nascimento que comprove o sexo. Se não gostar, a gente não impede ninguém de amar, pois o mesmo mundo está cheio de perfumes perpassando seus caminhos. Nos desculpe, então, por deixarmos que nos veja, vamos além de sentir. Nos abraçamos, nos beijamos e amamos. Acima de tudo, vivemos, e perdoe-se se isso te assusta.


Flávia Andrade

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