Eu pertenço ao número tímido de pessoas que não sabe o que está fazendo com a própria vida. Eu estou no lugar alto da minha vivência, olhando tudo abaixo e me perguntando no que essas coisas todas podem resultar. Porque ainda sou quem pega o ônibus errado como se assim pudesse sair da rotina, quem se apaixona por quem não vai voltar como se assim pudesse ter uma grande história de amor. Eu sou a pessoa dos olhos tristes que sempre tem um lamento longo sobre o que não anda dando certo, e poucos minutos são insuficientes para reclamar das malícias de um universo que conspira contra. Fugir daqui, fugir deles, fugir de tudo até não encontrar mais saídas e se ver presa na própria fuga, típico de mim. Adiar a vida e viver mal até que coisas boas apareçam, típico de mim. Eu sou a pessoa que não para de mexer no cabelo porque tem algum incômodo corpo afora que só pode ser expressado na inquietude das mãos. Eu sou a pessoa acumuladora de silêncios que não dirá coisa alguma sobre o que não leu. Eu pertenço ao número grotesco de pessoas tímidas que não pedem informações e, assim, não se movem.
Flávia Andrade
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