julho 09, 2015

Que não devia ter sido


    Com o vidro fechado a porta do carro bate e eu bato o portão, deixamos que os gritos se acumulem para a briga de amanhã que vai reiniciar por hoje. Mas a gente sabe que até o fim da semana já devemos ter fim e até o fim do mês já devemos ter esquecido, por culpa de uma memória torturada de nãos. Não lembre, não pense, não sinta. Porque sabemos que até o fim do ano já devemos ter superado, precisamos conhecer outros e realizar todos aqueles encontros que desmarcamos. Com as casas trancadas ninguém entra e nos tornamos visitas perdidas nas ruas, e sabemos que vamos andar mais um pouco até encontrar qualquer coisa que substitua um ao outro. Antes disso tentaremos nos salvar, ao mesmo tempo em que os nós e laços e embrulhos serão desfeitos. A partir de agora o movimento é retrógrado e, depois, vamos partir. Seremos desconhecidos com lembranças fincadas, seremos dois que não errarão o caminho outra vez.

Flávia Andrade

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