julho 28, 2015

Três Ambientes



    Entramos no tumulto ensurdecedor de uma boate. Bebidas coloridas e músicas sem letras. Me torno um rosto com um risco no lugar do sorriso. Você não cometeu erro algum por me trazer aqui, mas os lugares onde eu preferia estar não me deixam sorrir. Me torno uma ocupação entre a porta de saída e seus braços que tentam me levar. Prometo que fico mais um pouco, bebo na taça, não encaro as outras pessoas. Mas não durará muito tempo. Daqui umas horas vou correr sozinha pelos caminhos que preciso seguir vez ou outra pra me resgatar de um mundo todo que me esvazia. Não posso estar tão próxima de você e tão distante de mim, porque quando me abandono para te pertencer, muito do que sou se perde e não volta; E você sabe, precisamos ser por inteiro aquilo que sabemos ser. Eu não sei estar aqui, em pé, sendo um corpo parado e mudo entre corpos inquietos e gritantes. Não sei estar com você sem cuidados. Pra ser por inteiro, eu preciso fugir daqui, preciso devolver seus gastos, preciso estar só. Então, entramos no vazio ensurdecedor de um fim. Bebidas quentes e choros sem lágrimas. Meu rosto sorri no meio dessas frases que somente tentam significar que "nunca era para ter acontecido" de uma forma mais bonita. Prometa que não fica mais nenhum segundo, já é minha hora de te deixar para trás. Entro, só, no ambiente quieto do sossego. É uma rua quieta. É uma rua que por ora é só minha.


Flávia Andrade

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