agosto 10, 2015

Coisa de escritor


    Escrevi num pedaço de papel todas aquelas coisas que eu não pude dizer quando estivemos cara a cara no meio da minha noitada embriagada. Escrevi naquilo com uma caneta falha porque não me restou tempo de correr e pegar caderno ou ligar o computador pra dar sentido aos sentimentos sem razão. Fiz de você um resumo de dez ou doze linhas que nada dizem sobre o que realmente é, mas sobre o que vejo e posso tentar não entender. Deixei você nesse papel porque é só onde posso deixar guardado enquanto a todo custo você me escapa como quem nunca pediu pra ficar. E eu lembro tanto, mas um tanto, das vezes em que não quis ir embora, e é lembrando com tal exagero que não sei mais largar mão. As mãos são só para escrever o que me falta na coragem da fala e do ato, o que me falta de sinceridade no meio dos meus risos que tentam te convencer que não me importo. Perdoa, por escrever todas essas coisas sobre uma pessoa só e guardar numa pasta que se chama "textos para uma pessoa só". Perdoa também meu jeito transbordado de textos não ditos e sem vírgulas. Deve ser coisa de escritor e, por isso, qualquer papel serviu.


Flávia Andrade

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