agosto 24, 2015

Sonhos vagos

    Eu era a pessoa dos sonhos vagos: tão grandes a ponto de não se realizarem ou tão pequenos a ponto de serem esquecidos. Era somente uma sombra afastada fora da sombra enorme de várias pessoas unidas num sol quente. Eu era deixada de lado nos planos alheios, mas você apareceu. Me pôs no seu plano maior: ser feliz. Quis que eu fosse parte dessa coisa toda de sorrir sem lembrar de que dia é, e eu fui. Fui atrás pra te arrancar risos até quando os olhos choviam mais que o céu. De um sonho minúsculo meu, você se tornou um sonho enorme, tão maravilhoso que não coube em textos, em diálogos, nem dentro de casa. Um sonho que nem se eu dividisse entre mochilas vazias iria por completo comigo até o destino. Desculpa, por ter te feito tão significativo assim, por ter te transformado nessa carga cheia de desejos meus que não poderiam ser realizados da noite pro dia. Enquanto eu te sonhava, você sonhava o mundo. Eu separava: você maior que o mundo. Você juntava: era só mais um. Quando me adequei no seu colo, entenda, achei que tinha me adequado ao universo que não era tão bom comigo antes. Quando a gente ficou junto numa noite sem fim, todas as outras noites pareceram ter sido tão boas quanto. Eu que era sombra solitária, virei sol que iluminava todas as ruas. Vocês não quis vir, se enxergava menos que isso e colocava óculos escuros pra me aguardar. Que humildade triste, que tanto de querer não ser! Eu pedia: fica, que não te mereço e ainda quero. Você dizia: vou, que não sou merecimento e nada além. Sendo sombra você me via, sendo sol você não queria olhar, de toda forma a gente ficava distante e eu não sabia mais o que deveria ser.

 Flávia Andrade

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