agosto 24, 2015

Um ano

     Quanto tempo faz? Digo, que não vem aqui por mim. Sei que vem pelos outros e torce, de dedos descruzados, pra não me ver. Suspira aliviado pelo meu lugar vazio e dá meia volta quando me encontra. Faz tanto tempo que não te vejo além desse corpo transeunte, sendo um andarilho que tem casa, que sai e fecha bem as portas. Andando pedra a pedra, de bar em bar, em templo nublado ou de sol, com o mesmo passo firme e o olhar fugitivo. Já é comum se perco os óculos, as chaves, o celular, seu número, as chances, as vergonhas, seus olhares. É comum se não esqueço, mas faz parte deixar de lembrar de um dia ou outro. É uma nova rotina, e a vida que tínhamos fica para trás enquanto o tempo corre sem futuro e te deixa caminhar lentamente. A vida que tínhamos guardo comigo ainda parada no mesmo lugar. Somos presente, um presente sem embrulho, rasgado e deixado, trocado por melhores. Um presente desajustado da ação, um verbo mal conjugado. Quanto tempo faz? É um novo fim de agosto
Flávia Andrade

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