outubro 13, 2015

Ainda dois

Eles são dois.
Dois corpos, duas bocas. Eles e suas mãos, pés, cabelos, olhos.
Eles e seus olhos, é aí que tudo muda.
Ela o olha tão sincera. Consegue transmitir um abraço, um afago, um cafuné só por olhar.
Mas ele, bem ali na frente dela - justo dela, não significa nada de olhos abertos; e quando os fecha: vê outra.
Eles são vários.
Ela é quem sente e quem finge não sentir. Ele é quem não sabe quem é e quem finge ser outro alguém um tanto bem melhor. Ela sente tanto e ele sente diferente.
Conforme as horas passam, os dias voam e as semanas mudam, tudo é (re)descoberto.
Eles são vagos.
Não são um para o outro (e ele até pensa que não é pra ninguém).
Aonde os dois vão? Porque andando assim ninguém enxerga os tumultos internos, e para o mundo são só dois que se combinam.
Ela até se pergunta:
Se eles se jogassem no mundo sem mais nada, o que poderiam ser?

Flavia Andrade

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