janeiro 26, 2016

Silêncio

    Eu sei que a pressão de ter algo a dizer é gritante e que na maior parte do tempo bate um desespero em tentar mostrar o melhor de você. Aquele melhor que precisa superar qualquer outra pessoa que ele já conheceu. O desespero em mostrar te sufoca, porque precisa dizer sobre tudo o que sabe sobre o mundo e qualquer coisa da vida, inteirando-se de razões. Você quer ser aquela que tem algo a oferecer além - e ainda mais além - de corpo, alma e coração. Assim, transborda na pressa de não ser abandonada antes do tempo. Do tempo de chegar ao ápice de seus desejos: ser reconhecida como realmente é. Ser descoberta. Você arremessa suas informações, dados, números, histórias, coadjuvantes de sua vida; compartilha os segredos, os medos, e conta aquilo que nunca quis contar para mais ninguém. Mas dessa vez conta porque quer que ele te compreenda. Você confia às cegas apenas por carecer de confiança também. Por carecer de ser um alguém importante para outro, e quer ser para ele. Eu sei que quando se diz muito, espera-se uma resposta maior ainda. Sei que todo esforço por alguém se alimenta de expectativas. Sei que dele você quer muito mais do que os remendos que outros já ofereceram. Sei que querer tanto assim é se precipitar em queda livre. Mas eu te dou um conselho só, desses meio sussurrados, meio embargados de embriaguez: o silêncio também encanta.
Flavia Andrade

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