agosto 04, 2016

    Ele deitou no sofá e cantou os quatro discos inteiros daquela banda nacional. Cada música na sua voz acompanhando o som do rádio velho parecia muito melhor. Eu até quis pagar com a língua dizendo que a banda não era tão ruim assim. Fiquei deitada no chão da sala de estar, intercalando meu olhares entre seu corpo jogado no sofá e a pintura alaranjada do teto. Algumas das faixas dos discos pareciam com a nossa vida, mas eu não sabia se ele interpretava da mesma forma. Afinal, as músicas eram mais dele que de qualquer outra pessoa, e não havia como penetrar mais fundo em sua alma se não fosse com aquelas letras e sintonias de ritmos. Eu fui para sua casa para encontrá-lo e dizer a frase que estava guardando comigo há semanas, mas durante quatro discos inteiros eu não consegui dizer nada. Talvez as músicas estivessem falando mais por nós que qualquer diálogo possível.

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