maio 16, 2015

Dois Forrest Gumps numa Campo Grande


    Quando penso em escrever sobre mim, termino escrevendo sobre você. Acontece que somos dois contadores de histórias, narramos causos. Eu inspirada por todas as leituras e músicas, e você se inspirando na própria vida. Eu presa em clichês e substantivos casuais, você livre para qualquer conjugação de qualquer verbo. Inevitavelmente, não sabemos nos conter, encontramos sempre um novo alguém que nos ouça por mais de dez minutos. Tenho exigências de que prestem atenção nos detalhes, você apenas implora por perguntas toda vez que diz uma frase vaga. E, mesmo assim, deixamos que nossa própria e maior história terminasse em silêncio. Foi por toda a quietude que, enquanto seguimos nossos rumos, cada pessoa que nos encontrou ouviu algo diferente. Tivemos tanto a dizer sobre nossas palavras não ditas. Que perdoem a confusão que causamos, porque agora somos livros, discos, filmes, ditados, folclore. Somos personagens de nossas histórias, das histórias que recontaram sobre nós, do que nos tornamos em outras versões. Estamos em todo cartaz de amor não correspondido e de desapego. Mas deixa eu contar, do meu jeito simples e de sempre, um causo que estava guardado ainda, mesmo que escapando em cada prosa minha. Deixa eu contar que a menina que ficou aqui ainda só sabe escrever sobre você e qualquer outro texto não vale nada.

Flávia Andrade

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