julho 20, 2014

Eu vejo você por aí, mas por onde eu ando? Antigamente eu conhecia cada passo nosso, porém agora somos dois e acho que fiquei com tudo o que você era e perdi tudo o que, um dia, foi meu. Você ainda tem os passos desengonçados, os olhos acima de sua própria altura e o desespero em ser muito além do que os outros vêem. 

Eu roubei sua timidez, suas piadas de mal gosto e visão sobre a vida. Agora vou muito bem, obrigada. E como você está? Ser um pouco de mim é ter pouca paciência, muita ansiedade e essa eterna angústia. Mas você levou e não posso contestar.
Manhã de sábado e nem sei se já chegou. Se ao menos trocou a roupa e conseguiu dormir. Se foi bem no jogo, se distraiu a mente e ignorou o coração. Outro dia que não tenho certeza se foi fácil me esquecer. Mais um dia que não me sai da cabeça se era você o louco gritando meu nome na rua que eu não conhecia.
São episódios que passam. Passadam-se. E não discuto com o passado. Se lembro? A cada minuto. Nada de querer remendar. Você escolheu essa vida de silêncio e eu preferi narrar a minha. Eu fui bem, você de mal a pior. Assim que as coisas são.
Mas liga, reclama, ri e se declara outra vez. A gente se encontra, faz de conta que está tudo normal e nem comenta o choro no telefone.

Flávia Andrade


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