outubro 21, 2014

Pensei em tudo o que você deveria ser e assim ser para mim. Em tudo o que deveria acontecer para a gente acontecer também. Em toda frase que deveria dizer para eu compreender e responder o que você espera. Pensei tanto que eu vi outras duas pessoas, um mundo distante, outra relação, não tinham nada de nós e por isso eram perfeitos.
Pensei no que eu diria quando chegasse, em quem eu mostraria ser quando você me visse, como gesticularia com as mãos para que você entendesse melhor. Calculei o tom da voz, o tanto de "me desculpe, mas...", a quantidade de fatos e toda a explicação. Pensei tanto que estava em outra galáxia quando você repetiu meu nome pela quarta vez: você está bem? Quer uma água? 

Percebi que você não sabia, nem ao menos, o que me oferecer. Percebi seu jeito que é só pra você, ninguém pode invadir. Fiquei muda pensando e regredi os passos. A história toda se passou na minha mente e eu não tinha sinopse para mostrar.
E eu ainda penso: a gente se contradiz mais que discurso político, argumentos sem fatos e amor eterno declarado em rede social. Penso que cansei de ficar mais um pouco quando já não quero mais, que não gostar de gostar tanto não faz mais sentido.
Pensei tanto que vou embora para longe de três pessoas: você que é você, você que eu pensei que fosse, eu que você pensou que eu fosse. Vou embora comigo mesma, eu que sou eu, assim: não olho por onde ando, vou pensando, sendo meio desajustada, sendo melhor sozinha.

Flávia Andrade

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