outubro 12, 2014

Eu iria dar ao domingo uma trégua. Um tempo dos tédios infindos, das reclamações sobre a vida, de receber visitas inconvenientes como prêmio por ter passado o dia dentro de casa sem ter feito nada, um tempo de mais do mesmo, do de sempre, da rotina. Mas ninguém veio, nem ligou, nem você para dizer: vem aqui qualquer hora. E quem sou eu para ligar? Eu com toda essa lista que não se acaba na mente fazendo prós e contras para me arriscar, duvidando da certeza de que amor é incerto e que não adianta teimar em fazer de um jeito só, pois no fim é tudo errado e a vida só é válida para as pessoas errantes. Quem sou eu para sair dessa comodidade para dividir meus hábitos com alguém? Eu que estou em toda essa vida teórica dando regras ao que ainda não aconteceu, procurando sequência de atos como se eu vivesse numa novela trágica. Quem sou eu para fingir ser normal perto de quem deixa as coisas no lugar? Eu que não gosto de arrumar minhas bagunças, eu que tumultuo a própria mente, eu que nunca sei onde estão as chaves, o celular e a coragem. Eu iria dar a mim uma trégua. Um tempo desse pessimismo, dessa loucura de pensar oito mil vezes antes de dar meio passo ao contrário, dessa mente fervilhante que diz: mas e se?. Um tempo de talvez, de será, de não sei. Mas quem é que condiz com o que planeja? Então começa tudo de novo e eu espero você dizer: você é sempre tão assim e até que eu gosto.

Flávia Andrade

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