novembro 04, 2014

Eram quatro passos. Dois de cada um de nós e de cada vez para acompanhar o ritmo da música. O ritmo que você já conhecia, o ritmo no qual eu ainda tentava me enquadrar. Eram novos passos que aos poucos se entendiam, dançavam sem noção de tempo. Nossa dança era um abraço seu em mim, um recato meu pesando em seus ombros, uns minutos a sós para nossas desavenças. A música era condição para que ficássemos quietos, mas qual a condição para te fazer ficar?
Era um esporte novo, você corria e eu me escondia, desconhecia as regras, achava que você viria procurar. Era muita invenção de cada um, eu elaborava uma novela nossa, você achava que era o de sempre com qualquer pessoa. Para mim era infinito, para você era só agora. Talvez nem fosse nada.
Mas quando estávamos no salão ou em quadra. Quando era a mesma função aos dois. Quando podíamos fazer o que sabíamos, era uníssono o que não dizíamos. Era só aquilo que acontecia e não tinha teimosia minha ou enfrentamento seu. Era simples, mas somos seres complexos. Assim, deixamos coisas desentendidas, coisas subentendidas, algumas subvertidas e quando a música acabou e o jogo terminou, só fomos cansados para casa e tomamos alguma coisa antes de dormir. Só seguimos sem som, sem torcida, sem ânimo. Fomos fazer o que fazíamos quando ninguém via, quando estávamos sozinhos, afinal, era somente como sabíamos estar.

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