março 04, 2015

Pode virar uma história de cabeceira


    Desculpa, essa não é uma história boa. Minha vida não tem grandes frases e acontecimentos. Não tem aquele blablablá de “quando eu era pequena meu pai dizia...”. Meu pai não me dizia nada. Ele era quieto e às vezes me mandava ir ao mercado comprar tomates. Nunca houve nada tão relevante e nada tão bonito. Os maiores acontecimentos resultaram em dores que eu precisei aprender a lidar e conviver com elas. Os menores acontecimentos eu esqueci e ainda esqueço. Desculpa, não tenho nada para te mostrar, nenhum conto bom sobre o ano passado que te faça rir. Desculpa, se você me pedir para falar de mim eu vou ficar em silêncio, vou mexer na comida do prato como uma criança, vou comprar mais uma cerveja. Desculpa, eu vou perguntar sobre você outra vez mesmo já sabendo de todas as suas histórias, mas eu ouço, posso ouvir, eu juro. E mesmo eu sendo um completo vazio e você sendo alguém que quase transborda, quero que a gente se junte e de alguma maneira se complete. Minha mala está vazia, meu coração também, nem ocupo tanto espaço, você só tem que me deixar ficar. Não é uma história empolgante e talvez, por isso, não pareça boa, mas a gente pode tentar transformar todo o meu silêncio ao seu lado tagarelo em algo que todos vão querer ouvir. 

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