setembro 23, 2015

primavera

    meu bem, nem vejo a primavera chegar, só reclamo do calor e você já está com esse sorriso todo, torto e grande de flor. eu 'tô cinzas de inverno e 'cê-tembro, 'cê corre pelo mês. ainda não fui ver a decoração natural da cidade sem ventos, mas você já passou batom vermelho, botou saia colorida e foi ser feliz no asfalto com todos os arranjos, baias e penduricalhos. o que faço, mulher? se as estações estão voando e você está contente soprando dentes-de-leão e as crianças querem soltar pipa. o que faço se a melancolia dos últimos meses cresceu em mim e você me puxa pelos braços como num clipe do cícero. a gente não tem piscina, nem mar, mas você anda até o fim do mundo para encontrar cachoeiras e inunda os cabelos e corpo inteiro, diz que é outra, que é nova, que me ama. deixa eu confessar que até já gosto dessa primavera, mas você e ela vieram depressa, e eu nem guardei os sonhos de neve, nem retornei de alma por completo ao país.

flávia andrade

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