dezembro 03, 2015

Meu próprio City Lights

    Que a cidade me perdoe por encontrar em cada canto, beira e centro dela, muito de você que persiste em ficar aqui sem discrição. Parecendo que sobrou perfume seu no ar ao se despedir com os olhos semicerrados. E que perdoe a culpa das esquinas e dos bares, dos ônibus de número 87 e da praça por me fazerem (re)contar quanto tempo faz que a gente não se vê. A cada dia que passa, além de deixar tudo nosso mais pra trás, é uma chance a menos de ir te buscar, mas os números são só números. Sozinha assim, em meio aos crimes de apego, eu só desejo que minha mão que escreve saiba desculpar meu inconsciente inconsistente que transforma as frases mais banais em textos de poética dos sentimentos exagerados sobre nós. É que a saudade me mete em confusão. E de todas as formas de me perder na rua, o perigo maior é querer te ver outra vez e pegar estrada pra te encontrar. Porque só de estar aqui, a sua falta me empurra ao seu encontro, e eu juro que levo os filmes e os shows gravados daquelas bandas pra gente assistir aí nesse lugar novo que te prendeu. Que a cidade tão nossa, um pouco ciumenta, não chore quando eu for embora também, e guarde com zelo as nossas memórias até que a gente volte para reinventá-las.
Flavia Andrade

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